O modelo de parceria público-privada de financiamento misto do WWF foi lançado originalmente com um fundo de US$ 250 milhões no Brasil e posteriormente expandido para Colômbia e Peru, conforme dito à margem da Semana de Sustentabilidade do IDB Invest 2024 em Manaus, Brasil. “A ideia é reunir financiamento misto de fundações, governos e instituições multilaterais suficiente para criar um fundo de transição e, por outro lado, ter uma lista de condições de fechamento com os governos que correspondam aos compromissos do setor privado em termos de criação de energia, desenvolvimento rural e limites ao desmatamento com políticas que mantenham as coisas no caminho certo”, disse Roberts na entrevista.
“Você aparece no fechamento com todos esses investidores prontos para investir, governos tendo feito esses compromissos, e quando tudo isso acontece, os fundos fluem para um fundo de transição, que paga ano após ano com base no desempenho do governo e das comunidades”, explicou. No caso do Brasil, o fundo de transição está em um veículo de propósito específico dentro de uma entidade público-privada chamada Fund Bio. Seu conselho distribui esses fundos, que têm impactado na redução do desmatamento na região amazônica e no armazenamento de carbono para evitar emissões de gases de efeito estufa.
“Isso tem funcionado ao longo de 16 anos através de seis diferentes administrações presidenciais no Brasil. É uma evidência muito impressionante de como isso funciona mesmo com mudanças de governos”, afirmou Roberts. No Brasil, o WWF diz que seu Programa de Áreas Protegidas da Amazônia ajudou a evitar 265.000 ha de desmatamento.
ALÉM DO BRASIL
O modelo foi posteriormente replicado em Valência, na Colômbia, pelo Heritage Colombia com 23 doadores, nove ONGs e o governo, e também no Peru (com Patrimonio del Peru). “Agora temos uma parceria entre WWF, Fundo Global para o Meio Ambiente, o Fundo Verde para o Clima e várias grandes fundações para repetir esse modelo em 25 países ao redor do mundo”, disse ele. No entanto, Roberts permanece cauteloso sobre o futuro. “É apenas um trabalho em andamento… Você tem que trabalhar com investidores potenciais durante todo o processo. Não há nada a anunciar ainda, mas é a prioridade de qualquer trabalho de conservação que fazemos proporcionar o desenvolvimento econômico rural das pessoas que vivem nesses lugares e criar novos modelos de negócios e conservação que garantam o sustento dessas comunidades”, destacou.
SOLUÇÕES BASEADAS NA NATUREZA
Apesar de todos os esforços para mobilizar recursos para projetos de soluções baseadas na natureza, os fundos ainda estão longe de ser suficientes, especialmente no que diz respeito a projetos de pequena escala. “Há muita conversa, mas pouca ação”, disse Ilona Szabó, presidente do think tank brasileiro Igarapé, à LatinFinance. “Houve muito progresso na ação climática, mas não em soluções baseadas na natureza”, acrescentou. “O setor ainda é incipiente. O financiamento público deve vir com um maior apetite por risco. Eles terão que assumir mais riscos. Eles precisam criar ferramentas para atrair fundos privados. Eles estão cientes disso. A filantropia não é suficiente, porque não tem escala”, finalizou.